terça-feira, 21 de abril de 2015

A flor estava adormecida sob os ramos, repousava vista pelas estrelas na imensidão da noite. A lua iluminava-a de maneira que suas pétalas murchas brilhavam e apagavam aos olhos de quem se interessasse a olhá-la. Morando em um jardim esquecido em alguma parte do universo, um lugar que fora um dia uma prévia do que imagina-se do Éden, o jardim mais lindo de todo o tempo.
Esta flor estava lá desde o início, alguem jogou ali a sua semente, que brotou e cresceu... logo tornou-se uma bela planta, e quando sua primeira flor surgiu fora admirada, "mui bela" diziam seus admiradores, ela trouxe alegria e encanto ao belo jardim. Fazia harmonia com o restante dos seres viventes ali. Sorria para a vida.
Ó como era feliz esta bela flor. Seres belos geralmente são mais felizes, comentam os admiradores. Certo de que ser sempre notado pode ser muito agradável, não passar despercebido mesmo sem nada dizer ou fazer. Muito poderia ter aproveitado aquele momento a jovem e bela flor. Com suas delicadas e coloridas pétalas, exalando o doce perfume do amor, ela gostaria de transmitir toda a tranquilidade e beleza que possuia aos seus admiradores. Ela era bela e feliz, estava cercada de ares frescos, num colorido alegre cenário. Acompanhava a harmonia das plantas se balançando ao vento, suaves ao se movimentar como numa bela dança onde cada um completava o passo do outro. Uma música suave se ouvia com o canto dos pássaros ao redor. Uns aproximavam-se e bebiam das pequenas poças de água que as folhas acumulavam quando a chuva descia sobre o jardim, outros aproveitavam o doce do pólen da flor, outros provavam os pequenos frutos que nasciam nas árvores ao redor. Tanto gostaram do jardim que ali fixaram seus ninhos, felizes estavam por encontrar lugar tao agradavel para repousarem.
Uma certa noite em que o jardim dormia serenamente algumas gotas de chuva começaram a cair sobre as árvores e logo escorrem para as plantas menores. A flor sentiu frias gotas escorrerem em suas pétalas e descerem sobre seu caule longo até chegar a raiz. Logo essas gotas ficaram maiores e o vento soprava com muita força e parecia se ouvir um assobio no céu a cada rajada de vento. Os galhos das árvores começaram a sacudir com mais força, e as folhas se soltavam com o balançar. A flor assustou-se quando viu que os pássaros sempre em harmonia com as plantas não pareciam estar felizes nem cantaram desta vez. Abaixaram suas asas, protejendo os seus ninhos, alguns desceram até os galhos mais baixos, procurando local seguro para a tempestade que se aproximava.
A flor temia porque não sabia como se protejer, até então só tinha vivido momentos calmos de uma primavera perfumada e tranquila. Abaixou-se e tentou fechar ao máximo as suas pétalas, enfiou-se abaixo de uma planta com folhas largas e preparou-se para o que até então era desconhecido para ela. Não sabia o que esperar e tentava se abaixar cada vez mais escondendo-se no jardim. Estava com frio, já não tinha como se livrar das pesadas gotas de água gelada que escorriam em todo seu caule, balançava toda com o vento cada vez mais forte, sentiu quando algumas de suas folhas foram soltando-se do seu caule, estava se tornando cada vez mais difícil manter-se em pé. O peso da flor grande com pétalas tão compridas fazia a flor entortar ora para um lado, ora para outro. Lutara contra o peso e o vento durante  não sabia mais quantas horas, a noite continuava escura e só o que se ouvia era a chuva forte caindo, parecia querer levar todo o jardim consigo, um grande rio descia ao lado do jardim, algumas plantas começaram a ser carregadas com ele, suas raizes soltavam-se inteiras. As árvores estavam com vários galhos se partindo, cansadas de lutar contra o vento.
A flor rendeu-se também, chorava junto com a chuva, e sentiu toda a dor que não imaginava um dia sentir ao ter arrancadas suas pétalas, uma após uma foram voando e se jutando as outras folhas no rio. Entregou-se ao desespero e perdeu os sentidos quando seu caule quebrou ao meio. Durante o resto da noite choveu fortemente naquele jardim. Mas ao despertar da manhã a chuva foi afinando suas gotas, e logo cessou.
Quando os primeiros raios solares tocaram o céu naquela manhã via-se o jardim, era triste estava destruído em parte pela forte chuva da noite. Então no céu começou a ser formar um espetáculo de lindas cores se unindo uma a outra e as nuvens se abriram e deram espaço para este belo arco-íris que nascia sob o jardim que chorava sua destruição.
Durante todo o dia os cuidadores do jardim trabalharam para tirar os restos de folhas soltas e plantas que foram arrancadas inteiras, alguns galhos das árvores cairam em cima de outras plantas, que ficaram amassadas e precisaram ser podadas quase por inteiro. Entristecidos os jardineiros perceberam que a bela flor não tinha folhas, nem pétalas... só sobrara seu caule. A flor chorava e queria pode se esconder dos olhos curiosos, onde antes era vista com admiração e exalava seu doce perfume, agora era motivo de pena entre todos ao seu redor. Não era mais flor, era apenas um caule seco e sem folhas. Chorou amargamente o ouros dias que surgiram, perdera tudo o que possuia, a beleza, o perfume, o charme,  a alegria.
A flor perguntava-se em meio a sua dor porque não tinha sido arrancada por inteiro como algumas de suas plantas ao lado, prefira ter sido levada desta vida que amargar um triste fim assim. Tudo o que ela sabia era ser bela, não tinha mais nada a oferecer agora, e falava para si mesma que não havendo mais utilidade não deveria mais haver vida.
Passaram-se os dias e as plantas do jardim começavam a brotar novas folhas, as árvores novos galhos. Os pássaros que após o tormento da chuva tinham ido embora deixando para trás os ninhos destruídos começaram a retornar. Tinham agora um canto diferente, mais triste, chorando uma saudade dolorida dos seus pequenos filhotes que não conseguiram sobreviver. Os dias passavam, e o Sol brilhava e começava a esquentar todos os seres do jardim. E agora alguns já pareciam ter quase esquecido aquela noite de chuva.
Novas chuvas cairam sobre o jardim, estas foram suaves e não fizeram nada além de matar a sede das plantas. Os dias e as noites seguiam tranquilos, e exceto por um todos pareciam estar bem alegres novamente.
Mas a flor nao se conformava com o sofrimento que sofrera, todas as noites estremia aos e lembrar daquela chuva que levara para sempre sua beleza. Ela recusava-se a esquecer, não brotavam novas folhas nela e achava que era um castigo. As vezes sonhava com os dias de felicidade que vivera quando tinha a bela flor, lembrava-se dos suspiros que davam ao vê-la, até podia sentir o perfume que exalava. Agora ela não exalava mais perfume e sim tinha um cheiro triste, seu caule permenecia curvado, e todos ao redor pareciam ter se esquecido dela. Só restou a lembrança e a dor.
Um dia um pássaro chegou perto dela e vendo todo o seu sofrimento resolveu cantar ao seu lado tentando trazer um pouco de alegria para a planta desajeitada que fora um dia uma bela flor. Ela recusou de imediato o canto deste pássaro, irritou-se por que ele era feliz e ela nada além de dor e tristeza carregava. Temia que lembrassem-se dela e sentissem pena novamente. Seus dias eram tristes, e ela parecia apenas esperar, esperava que a chuva viesse forte de novo e dessa vez a arrancasse por inteira, então seria levada com o rio e deixaria de existir para sempre.
O pássaro continuou cantando, e a flor antes dura e triste começou a se comover com seu canto, e passou a acompanha-lo a cada dia, e houve um em especial que até deu uma balançada desajeitada como quem não dança ha muito tempo. Sem perceber começou a se alegrar com a presença deste passaro ali, e logo percebeu outros ao redor, e admirava seus voos e cantorias harmoniosas, admirava também as outras plantas ao seu redor. E houveram ate dias que sentiu-se feliz com o vento balançando os galhos das árvores. 
Meio sem querer nem perceber a flor sentiu-se feliz apenas por fazer parte deste cenário tão belo e harmônico. E agora ela atentava-se para detalhes que nunca tinha antes reparado, as vezes admirava o balançar de um galho e percebia as pequeninas folhas caindo e alegrava-se ao ver uma planta crescendo ao seu lado, as folhas ficando maiores e mais verdes. Amava os cantos dos pássaros e tudo o que havia ao seu redor. Não envergonhava-se mais pelo seu caule torto e seco, sem ao menos uma única folha para enfeita-lo. Mesmo com toda a sua falta de beleza passou a balançar-se com o vento e os pássaros de dia. Quando anoitecia ficava admirando as estrelas e tentava contar uma a uma, perdia-se nas contas e sorria ao ver o brilho do céu, e acompanhava a Lua e suas formar mudando, gostava de todas as formar dela. 
A antiga flor aprendeu a ser feliz mesmo sem ser admirada, e houve um dia que seu encantamento pela vida foi tão grande que a natureza agraciou-la com novas folhas em seu caule. Uma flor pequenina começou a nascer, e um dia ela estava formada e se abriu para sorrir para a vida. E o jardim encheu-se novamente com a beleza de uma linda flor, agora ainda mais bela que antes, suas pétalas maiores e perfeitas com uma cor vermelha forte, contrastando com todo o verde ali ao redor. Era amarelada por dentro e seu perfume se espalhava no ar, fazendo todos suspiraram com o doce cheiro que a flor exalava. Ela movimentava-se graciosamente com o balançar do vento, encantava a todos que a viam.
A flor continuou sendo admirada por muito tempo, desta vez ela pode expressar uma alegria ainda maior, pois nao tinha mais medo, aproveitava a sua beleza e estava preparada para quando nao pudesse mais encantar a todos, encanta-se com toda a vida ao seu redor.

Encontrei o Amor!

Encontrei toda a felicidade que buscava

Toda a Paz que pedi a Deus

A compreensão sobre as coisas que não entendia

A força para sobreviver

A fé que estava tão esquecida

Pensei que não tinha nada

Que não merecia muito

Mas Deus me deu você

e desde então tenho Tudo

e agora posso dizer ao mundo:

EU ENCONTREI O AMOR!!

em você ALICE!!