quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Sente aqui meu amigo
Tanto tempo já se passou
Desde nossa última conversa
Lembra?
Pois é
Eu também não
Não me recordo de nenhuma palavra
Nem do que falei
Nem do que você falou
Mas sei
Que o que eu sentia mesmo
E o que vc queria
Não foi dito
Nem feito
Enquanto meus olhos pediam
Fique!
Você ouviu
Adeus!
E quando você deu as costas
Eu já havia te mandado embora
E assim fomos
Sofremos
Nunca pedi perdão
Nunca mais você voltou
E hoje eu te encontrei
E quanta coisa mudou
Sabe
O orgulho se foi
A saudade ficou
A vida passou
E já não há mais tempo para nós dois
Não há muito o que falar
Termino meu café
Você pode ficar
Já passei de mil poemas
sobre nós
esse não vou apagar.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A senhora de olhos claros, não podia decidir se eram azuis ou verdes, se apressava entre as pessoas, tinha pressa para chegar em casa. Tinha tanto para fazer, uma rotina cansativa porém da qual nunca se queixava. Lavar, limpar, varrer, cuidar de tudo e todos. Bota o arroz pra lavar e escorrer, o feijão já está cozido na panela. Os bifes temperados prontos para serem assados. Lava as folhas de alface cruas, corta o tomate. Mais tempero, vinagre, azeite , sal. A gosto de todos da casa. Bota o arroz no fogo, Rápido coloca água sobre ele, a água borbulha, respinga, queima. Sente dor, mas sente pressa em terminar. Concentra-se no serviço. Tá na mesa.
Uma prece, ela agradece por ter em sua mesa o que comer. Todos comem. Ninguém lembra-se de a agradecer. Falta sal, mais azeite. Cade o guardanapo? Não devia ter cozido mais esse feijão? E o arroz, sempre o mesmo gosto. Enjoa né. Bife pequeno. Muita coisa, hoje to sem fome.
Todos satisfeitos, louças sujas. Levantam-se e deixam a mesa. A conversa termina na sala. Ela não participa. Tem ainda mais serviço a terminar, ajeita a cozinha, guarda as panelas com o que resta. Lava os pratos, seca, guarda. 
A sobrinha se aproxima. Olha bem dentro dos seus olhos, e sabe que são sim azuis como o céu em dias de verão. _ Quer ajuda tia?
_Não precisa, já termino.
_ Deixa eu ver esse braço, queimou foi?
_ Ah foi nada não, foi no arroz.
_ Mas queimou bem né, doeu?
_ Nada.
Dá de ombros, não sente mesmo mais dor. Termina e vai para o quarto do filho já casado. Leva o jornal, agora pode ler um pouco e descansar a manhã corrida.
Pula a página policial, nada de tragédias. Olha as fofocas, tenta achar a novela. Dá um pulo no classificados, emprego para o filho, aula de piano pra neta, hum carro num preço bom, lembra que o irmão estava mesmo precisando. Circula com a caneta, depois passa o telefone. Agora é bom descansar, logo as crianças pedem o café, pensa em fazer um bolo, ou quem sabe aquela receita nova de pastel que viu na tv...
Olha a mão, queimou mesmo, seria bom passar algo. Depois antes de dormir. Será que vai ficar marca? Não tem problema. Tenta lembrar onde anotou a receita do pastel. Acho que vão gostar. 

Te amo Mãe.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Ela ainda sonha, e quer ser surpreendida com flores e bombons. Ela se perfuma pensando no cheiro que irá deixar na casa. Ela se lembra exatamente do vestido que você elogiou e quando o coloca espera aquele mesmo olhar. Ela ama mais a cada sorriso. Ela sorri quando é abraçada. Ela fecha os olhos quando os lábios se encontram. Ela quer tantas coisas para o futuro e você está presente em todas elas. Ela te ama por quem você é e suspira a cada evolução. Ela te quer bem. Todos os dias. Ela te quer ao lado para sempre. Ela quer enroscar os pés nos seus. Sentir seu colo nas noites frias. Ela quer ter com quem chorar. E amar como se não houvesse mais nada. Ela te ama. Porque Deus a ensinou a amar. E porque foi para você que ela foi feita.....