quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Para você Alice

A menina estava cuidadosamente arrumada com seu vestido favorito amarelo. Ele contrastava com seus cabelos tão negros que desciam em duas tranças vindas do alto da cabeça, ao fim de cada trança um laço finalizava o penteado que a deixava ainda mais doce que já era. Quando sorria apareciam duas covinhas ao lado das fartas bochechas. Mas o rostinho hora tão infantil e alegre também sabia se fechar com uma seriedade adulta quando era contrariada. Assim ela já percebia dos seus quase dez anos de idade o efeito que sua cara fechada provocava. Então aprendeu a desfazer ela e colocar uma expressão natural e sem demonstrar sentimento algum.
Naquela manhã ela estava animada mas a sua animação a tornava um pouco desastrada, e não queria chatear a mãe. Afinal era ela que a levaria onde esperava para ir a semana toda: encontrar os doces cavalos do clube de equitação. Amora era uma égua de olhos doces e muito forte que estava lá. Também tinha o Patrick, um pônei que fazia a alegria dos menores. No caminho ia se concentrando no que ia acontecendo e fazendo uma prece silenciosa para que não encontrassem nenhum acidente nem trânsito para não atrasarem. Quando via o clube chegando se animava mais ainda. Já ia juntando as coisas e separando a cenoura que trouxera para dar aos animais. 
O primeiro encontro com a Amora já havia acontecido alguns dias antes. Os cavalos são animais sensíveis, parece que sentem o que estamos sentindo. Ela percebeu como estávamos precisando de alegria. De um alívio em meio ao furacão do dia a dia. Amora não sabe mas ela trouxe alguns instantes de paz na nossa semana.