terça-feira, 20 de julho de 2021

Escrevo cartas pra você, não consigo ligar. 
Falar pessoalmente também não dá. Já não saio mais. 
Voltando aquele velho conhecido 
Companheiro de escuridão 
Gosto de deixar a noite vir naturalmente 
Sem acender as luzes 
Até que a escuridão me tome por inteira 
Até que a velha tristeza entra pelo vento frio
Da porta que ficou aberta 
Da janela que não foi fechada 
Das roupas espalhadas pelo chão 
Da geladeira que guarda apenas água 
As comidas são sobras de marmitas compradas pelas ruas 
Apenas num ato de sobrevivência me alimento 
Não sei mais quem sou nesses momentos 
Se quero algo ainda 
Se vou levantar de novo
Penso em tomar um coquetel de remédios as vezes
E viajar 
Viajar para o cosmos 
Talvez rir um pouco 
Talvez beber algo 
Ou poderia me alegrar um pouco seria bom dizem
Mas se me alegrar hoje 
Ainda tenho o amanhã 
E ele me amedontra tanto
Que fico só esperando ele chegar 
Gemendo
Saiu sem querer 
Temendo meu corretor não conhecia 
Por isso ainda prefiro o lápis e o papel 
Mas tenho medo de perder meus papéis por aí 
E ser descoberta
E ter minha máscara sorridente e serena arrancada 
Não sei
Aonde vou 
Por isso fico


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